Essa carta tem como objetivo transmitir aos alunos e professores do curso de História ocorrências que vem interferindo na formação dos graduandos do curso.
É sabido por todos, que a História oficial é sempre contada, tanto nos veículos da mídia burguesa como até mesmo na academia, sob a perspectiva dos vencedores. Não há espaço para os vencidos, para eles ficam apenas o isolamento e o esquecimento.
Buscando dentro da academia, encontramos correntes historiográficas que afirmam que no Brasil colonial existia uma relação harmoniosa entre os senhores de terras e os escravos, negando, completamente, a resistência que os negros instauraram dentro desse regime – os quilombos. Ainda nesse sentido, em um
acontecimento mais recente, a mídia brasileira encobriu o genocídio que vem sendo tocado pelo governo da tribo indígena Guarani-Kaiowá.
A reprodução dessa história vista de cima na academia, ainda que nos dias atuais, acontece tanto descaradamente como de forma velada. A conduta de certos acadêmicos dentro da sala de aula reafirma, na modalidade do racismo, a visão turva que eles têm sobre esses grupos historicamente marginalizados.
Um exemplo gritante é a formulação, débil, de que o Brasil é um país que não dispõe de uma economia mais robusta por causa dos índios que eram “preguiçosos”.
Sabemos que todos nós somos seres únicos, e por isso, qualquer comparação que busque compreender o ser humano com base noutro, nos leva a perder o que nos torna únicos. Atribuir uma característica como “preguiçoso” ao índio, em comparação ao europeu (do século XVI), menospreza a realidade do índio, na qual, ele trabalhava, mas não nos moldes da Europa do século XVI.
Visto que, esse desserviço a comunidade acadêmica vem acorrendo dentro do curso de graduação em História, o centro acadêmico tem como dever mostrar essas práticas deveras condenáveis.
Nós do centro academico de história convidamos cada estudante a se posicionar contra o racismo e contra toda forma de opressão que é disseminada dentro de discursos supostamente acadêmicos. Nós estudantes não iremos silenciar ao discurso racista de muitos professores. É preciso combater o racismo em todas as
suas formas!
A história não quer professor racista!
Por uma história dos índios, negros e explorados, não dos colonizadores e
senhores de engenho.
CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA DA UFAL (Campus A.C. Simões)