CAHis-UFAL: o ofício do historiador ou quando a história falta a aula e vai às praças
Durante a Segunda Guerra Mundial,
com a França ocupada pelas tropas alemães, diversos franceses se renderam aos
invasores nazistas. Um dos simpatizantes das ideias nazistas ficou a frente do
governo francês, criando a República de Vichy.
Mas a resistência francesa não se
rendeu aos nazistas, muito menos a seu governo fantoche. Durante o período de
ocupação nazista foi organizado a Résistance française, que contou com apoio e organização de diversas organizações, além dos diversos trabalhadores que empunhavam as bandeiras da socialdemocracia, do
Partido Comunista Francês, da União dos Anarquistas Franceses e muitos bandeiras da “França Livre”, o governo do exílio que era dirigido por Charles De
Gaulle. Era a unidade necessária para derrotar os nazistas.
Fazia parte da resistência
francesa, o professor de História Economica na Sorbonne e um dos fundadores da
Escola dos Annales: Marc Bloch, que desempenhou um papel ativo na resistência
francesa até a sua captura pelos alemães. Foi fuzilado no dia 16 de junho de 1944,
exatamente há 69 anos. Durante o período da guerra, Bloch que não deixou de
erguer seu rifle, deixou incompleto um dos livros mais importantes sobre o
“trabalho do historiador”, o famoso livro a "Apologia da História".
O tempo de Bloch, pode estar um pouco distante de nós, estudantes e professores de História. Contudo sua ação estar muito
próxima. Escrever e estudar a História é muito importante, porém fazer a
história é mais interessante e empolgante.
Nas últimas semanas diversas manifestações estão movendo o Brasil, quebrando as correntes da inércia. As ruas e praças estão sendo ocupadas pelo gritos daqueles que
revindicam a primavera árabe e a luta do povo turco que ocupa a Praça Taksim contra
o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. "Acabou o amor, isso aqui vai virar a Turquia": os nossos gritos se juntam e as manifestações
turcas e enche de solidariedade o povo Sírio que luta contra o ditador Bashar al-Assad.
Em Maceió, não se faz diferente. Começamos na quinta (13.05) e o amanhã promete ser maior. O primeiro ato tomou as ruas do centro da cidade contra o injustificável
aumento de 0,55 centavos na tarifa de ônibus, um dos piores serviços ofertados em Maceió, além de ser um dos maiores impedimentos para o deslocamento da juventude e do povo pobre. Mas já é maior, agora não
é apenas contra o aumento das passagens, agora queremos mudar o Brasil, agora iremos mudar
Alagoas.
Queremos deixar nosso apoio aos manifestantes e aos presos políticos
de São Paulo; Aos manifestantes do Mané Garricha que na tarde do último sábado (14.06) mostraram que não aceitam a entrega de bilhões para a copa e destina uma miséria para investir em educação, saúde e moradia; Aos estudantes e
trabalhadores que protestaram hoje no Maracanã (16.06) e foram brutalmente reprimidos pela Polícia Militar e a Força Federal do Governo Dilma.
Em Alagoas é preciso que marchemos, todos juntos. As mais de 1000 mortes em 2013 merecem ser lembradas não com o cinismo das velas do governo do estado, mas sim com luta do povo alagoano.
Chamamos a todos os estudantes,
professores e funcionários do curso de História, assim como todos os estudantes, professores e funcionários da UFAL para ocuparem conosco a Praça Centenário, para
balançar o chão da praça assim como fazem os turcos. Que a aula seja na praça,
que a lição seja a construção de uma sociedade livre e de um povo soberano, que
o exemplo seja o de Marc Bloch, que deixou de lado as aulas de história para combater pela história.
Que a História esteja presente, que a história
se pinte de povo.