domingo, 16 de junho de 2013

CAHis-UFAL: o ofício do historiador ou quando a história falta a aula e vai às praças 

Durante a Segunda Guerra Mundial, com a França ocupada pelas tropas alemães, diversos franceses se renderam aos invasores nazistas. Um dos simpatizantes das ideias nazistas ficou a frente do governo francês, criando a República de Vichy.

Mas a resistência francesa não se rendeu aos nazistas, muito menos a seu governo fantoche. Durante o período de ocupação nazista foi organizado a Résistance française, que contou com apoio e organização de diversas organizações, além dos diversos trabalhadores que empunhavam as bandeiras da socialdemocracia, do Partido Comunista Francês, da União dos Anarquistas Franceses e muitos bandeiras da “França Livre”, o governo do exílio que era dirigido por Charles De Gaulle. Era a unidade necessária para derrotar os nazistas.

Fazia parte da resistência francesa, o professor de História Economica na Sorbonne e um dos fundadores da Escola dos Annales: Marc Bloch, que desempenhou um papel ativo na resistência francesa até a sua captura pelos alemães. Foi fuzilado no dia 16 de junho de 1944, exatamente há 69 anos. Durante o período da guerra, Bloch que não deixou de erguer seu rifle, deixou incompleto um dos livros mais importantes sobre o “trabalho do historiador”, o famoso livro a "Apologia da História".

O tempo de Bloch, pode estar um pouco distante de nós, estudantes e professores de História. Contudo sua ação estar muito próxima. Escrever e estudar a História é muito importante, porém fazer a história é mais interessante e empolgante.

Nas últimas semanas diversas manifestações estão movendo o Brasil, quebrando as correntes da inércia. As ruas e praças estão sendo ocupadas pelo gritos daqueles que revindicam a primavera árabe e a luta do povo turco que ocupa a Praça Taksim contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. "Acabou o amor, isso aqui vai virar a Turquia": os nossos gritos se juntam e as manifestações turcas e enche de solidariedade o povo Sírio que luta contra o ditador Bashar al-Assad. 

Em Maceió, não se faz diferente. Começamos na quinta (13.05) e o amanhã promete ser maior. O primeiro ato tomou as ruas do centro da cidade contra o injustificável aumento de 0,55 centavos na tarifa de ônibus, um dos piores serviços ofertados em Maceió, além de ser um dos maiores impedimentos para o deslocamento da juventude e do povo pobre. Mas já é maior, agora não é apenas contra o aumento das passagens, agora queremos mudar o Brasil, agora iremos mudar Alagoas. 

Queremos deixar nosso apoio aos manifestantes e aos presos políticos de São Paulo; Aos manifestantes do Mané Garricha que na tarde do último sábado (14.06) mostraram que não aceitam a entrega de bilhões para a copa e destina uma miséria para investir em educação, saúde e moradia; Aos estudantes e trabalhadores que protestaram hoje no Maracanã (16.06) e foram brutalmente reprimidos pela Polícia Militar e a Força Federal do Governo Dilma.

Em Alagoas é preciso que marchemos, todos juntos. As mais de 1000 mortes em 2013 merecem ser lembradas não com o cinismo das velas do governo do estado, mas sim com luta do povo alagoano.

Chamamos a todos os estudantes, professores e funcionários do curso de História, assim como todos os estudantes, professores e funcionários da UFAL para ocuparem conosco a Praça Centenário, para balançar o chão da praça assim como fazem os turcos. Que a aula seja na praça, que a lição seja a construção de uma sociedade livre e de um povo soberano, que o exemplo seja o de Marc Bloch, que deixou de lado as aulas de história para combater pela história. 


Que a História esteja presente, que a história se pinte de povo.